PC

Grand Prix Unlimited

Jogo de corrida de Formula 1, desenvolvido e publicado pela Accolade, exclusivamente para PC.

O game foi um dos primeiros a possuir a licença oficial de equipes e pistas da Formula 1.

Os mods já se tornaram algo natural nos simuladores de corrida. Há uma comunidade muito grande de jogadores que modelam as pistas para Assetto Corsa, R-factor, dentre outros. Tem alguns jogos que já vem com um criador de pistas embutidos, como foi o caso do Gran Turismo 5. E se eu te contar que o primeiro jogo com um criador de pista embutido foi lançado 30 anos atrás, oferecendo infinitas possibilidades para os Herman Tilkes atrás do monitor do computador.

O jogo Grand Prix Unlimited tem três modos de jogo. Campeonato, Single Race e o modo arquiteto para a criação de pistas. Entrando no modo Single Race temos cinco carros para escolher: McLaren, Ferrari, Williams, Benetton, e Tyrell. Cada carro altera um pouco o som do motor. Aparentemente esses carros são da temporada de 1992. Porém as pistas disponíveis no jogo estão além do escopo daquela temporada.

Você pode configurar as corridas desde 1, 3 até 20 voltas, além da possibilidade de correr contra 16 carros e condições climáticas diversas como sol e chuva. Spoiler alert, a dirigibilidade é bem ruizinha e vou explanar com mais detalhes daqui a pouco, na chuva é ainda pior. Ainda no mesmo menu dá para fazer um tour pela pista, voando como se estivesse em cima de um helicóptero para apreciar o traçado e as curvas. Por mais que o jogo tentou quebrar a barreira do 2D característico dos jogos de corrida para console na época com alguns elementos em 3 dimensões, a fidelidade das curvas dos autódromos passa longe, não lembrando muito o traçado real em muitos casos.

Para quem tentar rodar no dosbox deve limitar os ciclos por volta de 8500 a 10000 ciclos utilizando ctrl+F12 ou senão o jogo rodará muito lento. Fora do dosbox é injogável, mesmo na época que o Windows suportava DOS como windows 98 e ME. Mesmo assim o jogo tem problemas graves de framerate nas largadas. Ele começa muito lento por causa da quantidade de carros na tela, mas na primeira curva ele dispara para o FPS que voce tá acostumado nos treinos. Esta súbita oscilação atrapalha demais o jogador. Já cheguei a bater por conta disto, ante um framerate estável, mesmo que mais baixo do que um fps oscilante e esta regra vale para os jogos de computador até hoje. Quando dirigo, sinto que o carro vira sozinho. Parece que por padrão existe um auxilio de curva nos carros no qual a minha única preocupação é acelerar e frear. Apertando o botão F1 descobri que tem um auxilio chamado Lane Control que faz isso. Ao desligá-lo, passei a ter todo o controle do carro, mas me arrependi amargamente porque o controle de curva é muito ruim. É extremamente sensível e rápido para o teclado, o que torna praticamente indirigível com o auxilio. Mesmo com a ajuda ligada, ainda posso comandar o carro se eu quiser, caso de realizar uma ultrapassagem.

O nivel padrão de dificuldade é o fácil, que como diz o nome, vira um passeio no parque. Em três voltas você já tem carros para dar volta. O nível médio é um pouco mais aceitável, apesar dos tempos de classificação ainda estarem distantes do meu nível de habilidade, mas pelo menos durante a corrida os carros andam mais parelhos. No nível advanced eu tenho tempos proximos na classificação e ha de tomar cuidado na largada para não acelerar demais e explodir o motor.

Por ter sido a Accolade a desenvolvedora de Grand Prix Unlimited e também de Test Drive 3, nota-se muito as semelhanças gráficas e de trilhas sonoras. Os gráficos dando o seu primeiro passo ao 3D, por mais que se assemelhasse mais aos jogos de corrida que tinha nos consoles de 16-bits, ao passo que seu concorrente, World Circuit - Grand Prix 1, já tinha de forma rudimentar algo mais parecido com a vida real do que alguns objetos 3D aleatoriamente dispostos na pista, sem conteção de pneus e muros.

As batidas sonoras também são muito semelhantes. Além da música que mais parece de gameshow de sábado a tarde, os mesmos problemas de framerate também se encontra nos dois jogos. Ambos são injogáveis sem travar os ciclos do processador no DOSBOX. A forma no qual ambos os games foram programados foi pensado na clockagem dos processadores 386 disponíveis nas época que ambos foram lançados. Os dois jogos também oferecem replay de fora da camera interna no caso de acidentes.

O modo campeonato, como já mencionado, possui as pistas das temporadas de 1990, 1991 e 1992, organizado em três temporadas, com a opção de customização das etapas para que assim você crie o seu próprio campeonato mundial de Formula 1, podendo alterar a ordem das pistas para que tenhamos provas mais interessantes, como por exemplo, retirando a pista de Mônaco para a inclusão da pista do Flagamer cujo processo de criação vou falar mais tarde ou até mesmo criar um campeonato com todas as pistas do Flagamer. Nesta época do covid, nada mais prudente do que fazer uma temporada com boa parte das pistas no mesmo autódromo. Fica muito divertido, né Formula E 2020 e Super TC 2000???

O modo arquiteto é onde a imaginação voa a mil lugares e é onde o piloto dá lugar ao sobrinho do Herman Tilke em pessoa. Possibilidades infinitas para criar os traçados e fazer pistas que proporcionarão adrenalina e muita emoção. Não é bem assim. Voce utiliza uma pista original do game como base para sua pista. Apertando New, a pista é deletada para que assim você comece seu processo de criação. Apertando zoom in uma vez, aparece os objetos para criar curvas, retas, cruzamentos, pontes, túnel e muito mais. Basta apertar o botão Tiles para mais opções. Porém os tiles que me oferecem são muito limitados. Tem tipo de curvas que não consigo fazer e toda hora tenho que mirar o tile anterior para eu poder conectar a curva. O processo de desenhar o traçado é muito complexo. Eu esperava algo mais simples como o processo de criação de estrada do Sim City que é drag and drop. Apertando zoom in mais uma vez entra no modo de criação de objetos para aquele tijolo em específico.

Quando estamos lidando com 3D o processo é pior ainda. Falta uma noção clara de profundidade para o posicionamento de objetos. Percebi isto nos boxes ao não ter conseguido ligar uma garagem as outras que posicionei no tijolo adjacente. De forma geral, era um processo que poderia comer boas horas em frente ao computador para fazer uma pista muito simples com poucas curvas envolvidas. Depois seleciona a reta e aperta B para definir a linha de largada. Em seguida, aperte R para definir a rota e use as setas esquerda/direita para definir o sentido da pista até o traçado ficar todo vermelho. Com isto, você pode usar a opção Tour que é a mesma opção do Single Race, podendo verificar a pista criada na visão de helicóptero. Clica em cima do nome da pista, renomeia e salve no botão Save. Desta forma a pista está disponivel no single race para correr. Por causa da interface pouco intuitiva e amigável é um processo que pode comer muitas horas olhando pro monitor do seu 386 caso seja extremamente detalhista com a posição dos objetos.

Grand Prix Unlimited valeu pela inovação por ter sido o primeiro jogo de corrida de F1 a apresentar um criador de jogo nativo em 1992 aproveitando-se do sucesso do Test Drive 3 dois anos antes, mas pagou muito caro o preço pela sua jogabilidade terrível, inteligência artificial praticamente inexistente com esse pessoal do fundo do pelotão andando a 30km/h e batendo entre si numa largada numa corrida com chuva. E o que deveria ser o grande diferencial do jogo, ironicamente fornece uma quantidade bem limitada de curvas para a criação do seu traçado numa interface nem um pouco amigável para o usuário. Considerando também o lançamento do Grand Prix 1 que revolucionou o mercado de simuladores de jogos de corridas e, logo em seguida, o IndyCar Racing da Papyrus, este jogo ficou no escanteio e não obteve o mesmo sucesso do Test Drive 3.

Texto e vídeo do Flagamer.