Review: Silt

Por Victor Ponciani

Atualmente, uma coisa que tem chamado bastante atenção são os constantes novos estúdios com grandes promessas e criatividade para o futuro. Muitos oferecem experiências inovadoras em diversos quesitos. Com isso, temos os desenvolvedores do Spiral Circus Games trazendo o seu primeiro game: Silt. Mas será que a equipe começou com um possível hit ou será que eles ainda precisarão de mais experiência?

Ao começar o jogo, já nos deparamos com um menu bem cru, apenas com as opções de iniciar e de configurações. Isso já me chamou a atenção pela sua simplicidade, mas logo reparei que seria um tema recorrente. 

A aventura começa com a seguinte mensagem: "Nas profundezas vazias, Titãs vagam, Sob as ondas e espuma quebrando, Encontre-os e extraia os olhos deles, Pois lá é o cerne dos seus poderes, Há uma máquina em um sono prístino, Desperte-a para selar seu destino".

A partir daí, o nosso protagonista surge no fundo do oceano amarrado em uma corrente. É aqui que aprendemos a habilidade que será nossa guia daqui para frente: a possessão. Com ela, podemos possuir o corpo de criaturas a nossa volta para resolver puzzles e enfrentar alguns obstáculos.

Essa é a premissa de Silt de forma resumida.

Silt

Arte expressionista alemã

Algo que me chamou bastante a atenção foi o estilo artístico do jogo. Muitos destes mapas são muito bem desenhados em um estilo que lembra as artes de Tim Burton baseadas no cinema do expressionismo alemão.

Ou talvez, exista um pouco de inspiração em contos de H.P Lovecraft. O artista por trás disto tudo, MR MEAD, merece e muito o reconhecimento pela sua criatividade.

No geral, a jornada não é longa e nem extremamente difícil. É possível concluir o game em poucas horas, ainda mais se souber o que estiver fazendo. A exploração é altamente recomendada, porém com parcimônia, já que perder a única vida é algo comum pelas águas de Silt. Além disso, o tempo de loading com cada morte chega a quase 10 segundo em algumas situações, trazendo frustração ao jogador.

Durante a minha jogatina, acabei me deparando com bugs desagradáveis que me obrigavam a reiniciar um checkpoint. Infelizmente, isso pode atrapalhar a brincadeira, mas tudo deve ser resolvido com futuros patches. Outra coisa que preciso pontuar é que a habilidade pode ajudar, mas também atrapalhar consideravelmente.

Explico: ao ativar a possessão, seu corpo fica completamente parado e vulnerável, alvo fácil caso não consiga reagir rapidamente. Porém, há muitas situações nas quais precisamos usar essa habilidade enquanto há inimigos próximos. Ou seja, é um verdadeiro teste de paciência. O pior é que tudo seria resolvido se houvesse um botão dedicado a uma forma de possessão mais rápida.

Silt

Falta algo em Silt

Após enfrentar desafios e titãs, consegui terminar a aventura em Silt. Contudo, confesso que não entendi o que a história quis me passar. O problema não é a falta de diálogo, por exemplo, pois muitos jogos conseguem passar uma narrativa inteira sem dizer uma palavra. Mesmo tendo finalizado três vezes, ainda fiquei confuso e com mais dúvidas.

O pior é que quando chegamos na conclusão do game, não recebemos nada. Nem um new game plus, um bônus ou uma explicação. Admito que me isso deixou decepcionado, pois essa bela jornada me trouxe muitas questões e eu esperava que ao encerrá-la, eu teria mais respostas. Uma sessão de concept art também seria legal, sem dúvida.

No geral, Silt é um jogo bem criativo e definitivamente tem potencial, mas a execução falha em alguns aspectos. Uma eventual sequência ou próximo projeto pode ajudar a Spiral Circus Games entregar um produto mais completo em todos os quesitos. Vamos aguardar.

O game está disponível para Nintendo Switch, Xbox Series X e Series S, Microsoft Windows, PlayStation 5.

Este artigo foi apresentado pela loja Player Dois, parceira do VGDB e sempre com muitos itens indies e raros. 

* Análise feita com código cedido pela editora

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